A VISÃO DO ISLÃO NAS CRUZADAS

 

 

Durante séculos, Europa recordou as Cruzadas através de um único ponto de vista, o dos guerreiros Cristãos que lutaram em Terra Santa. Ninguém se perguntou que opinião tinham os adversários de aqueles que lutaram nem como eles viam os Ocidentais. Nos últimos tempos alguns historiadores resgataram a ótica dos cronistas Muçulmanos.

      

JERUSALÉM, ETERNA DISPUTA.

Uma Cidade Santa para três credos distintos

Jerusalém e importante para os fieis de três religiões. Para os Cristãos, é a capital onde se encontra a tumba de Jesus, conhecida como Santo Sepulcro. Por parte dos Muçulmanos e Judeus disputam um kilómetro quadrado da Cidade, a esplanada do Templo.

 Os Judeus chamam assim a este lugar em recordação do antigo Templo de Jerusalém, do que só resta o muro das Lamentações. Aqui segundo os Cristãos se dará lugar á redenção da humanidade quando se produza a chegada do Messias.

Os Árabes, no entanto têm no dito local a Cúpula da rocha e a Mezquita de AL-Aqsa.Foi ali onde, segundo o Corão, o Profeta Maomé ascendeu aos céus.

                    

 

روووعة هذه الصورة 

اعادتنى لطفولتى عندما كنت العب انا واولاد عمى تحت النخيل ونرى جدى يصلى بين النخيل ولا انسى ابدا لحيته 
البيضاء وطيبة قلبه وكنا نتسابق لكى ننتظر يعطينا الحلويات من جيبه .. رحمة الله عليه 

نووور . جميل جدا طرحك 

دعواتى لك بالصحة والعافية

 

 

     

 

A VISÃO DO ISLÃ

Para o Islã, a perda de Jerusalém no século XI foi um duro golpe. No entanto, os muçulmanos tardaram em responder com energia a esta situação. Convencidos de que se tratava de uma ocupação de caráter temporal, não acreditaram que os Cruzados fossem a estabelecer-se na Palestina de forma permanente. Por isso não viram a necessidade de unir-se para fazer-lhes frente. Os diversos governantes da zona preferiam guerrear entre eles, como relata a crônica: “Os sultões não se entendiam e por isso não podiam fazer frente aos invasores”.

 

Os Cruzados depressa aprenderam que o Oriente é um complicado rompe cabeças em que as alianças se fazem e desfazem em função de interesses que mudam. Por sorte para eles, a fragmentação de seus inimigos não pode ser maior: a tribo Seljucida contra a Fmiti,a corrente religiosa Sunni contra a Shií...Alguns príncipes Muçulmanos não duvidam,inclusivamente,em aliar-se com os Cristãos para combater a seus vizinhos.Beneficiados por estas lutas,internas os Cruzados consolidaram seu poder em Terra Santa.

Em um primeiro momento, os Muçulmanos consideraram os Cruzados simples invasores de seu território não inimigos religiosos. No entanto pouco a pouco se abriu passagem a uma idéia de guerra Santa, ou Jihad . Um de seus primeiros partidários foi o teólogo Muçulmano Al-Sulami,que em 1105 escreveu um tratado em que ele explicava que todo o crente devia lutar por sua religião com as armas.Pouco depois,alguns monarcas fizeram sua a causa da Jihad.

Assim legitimavam seu trono, posto que aparecessem como defensores do Islã frente os infiéis.

 

Bandeira da Jihad

 

Um de estes soberanos foi o próprio Sultão Saladino.Este,ao dirigir-se a seus soldados, os exortou a tomar o exemplo dos Cruzados: “Observem a obstinação com que combatem por sua religião,enquanto os nossos, os Muçulmanos, não demonstramos o menor entusiasmo por libertar Terra Santa”.

No entanto depois da morte de Saladino em 1193, a ideia de Jihad começou a decair. Cansada de guerras, a maioria da população preferia comerciar com os Cristãos do que lutar com eles. Por sua parte, os Cruzados também se mostravam mais acomodados e pacíficos. Depois de um tempo em Terra Santa, muitos deles perderam boa parte do fanatismo inicial.

Este espírito de concórdia fez possível que o Sultão AL-Kamil e oImperador Frederico II chegaram a um acordo.Em 1229,o soberano Ayubí cedeu Jerusalém ao monarca Alemão. Entregou-lhe uma cidade sem muralhas e, por tanto, impossível de defesa. Em troca os Cristãos concederam liberdade de culto aos Muçulmanos. No entanto, os sectores mais radicais de um e outro lado se revoltaram, indignados com os acordos ao inimigo.

COMO ERAM VISTOS OS CRUZADOS

A convivência entre estes mundos tão diversos fez o inevitável que cada um se criticava mutuamente por serem selvagens os costumes de seus oponentes. Cultos e refinados os Muçulmanos tomaram os Cristãos uma horda de Bárbaros. Suas formas de aplicar a justiça lhes parecia brutal, já que permitiam os duelos e outros procedimentos primitivos para eles.Tampouco tinham boa opinião da medicina Ocidental,totalmente atrasada comparada com a deles.

Os Europeus nem sequer sabiam levar uma dieta saudável para evitar doenças graves como a disenteria. As diferentes atitudes do Homem para com a Mulher se converteram em outro motivo de fricção. Desde o ponto de vista Islâmico, resultava assombroso que as Europeias falassem com os Homens que não eram seus maridos ou que se portassem de forma mais liberal sem que os Homes lhes contrariassem. Também julgavam inconcebível a pouca delicadeza dos Cristãos para com as viúvas, porque não esperavam os quatro meses que prescrevia o Corão para serem solicitadas para matrimonio.

 

Apesar de todo o exposto, os Muçulmanos souberam ver qualidades positivas nos Cristãos. É certo que os presenteavam justificadamente como mentirosos, arrogantes e violentos, mas também os admiravam por seu heroísmo e pelo ardor com que defendiam sua fé, e ao mesmo tempo reconheciam a prosperidade dos territórios que governavam.

A guerra também não foi obstáculo para que alguns monarcas Europeus recebessem grandes elogios no mundo Islâmico. Do Inglês Ricardo Coração de Leão, por exemplo, se lhe adorava por seu valor em combate. Ao Alemão Frederico II se apreciava por seu conhecimento da cultura Muçulmana,assim como por se espírito tolerante.

A ORIGEM DE UM DESENCONTRO

Durante a Sétima y Oitava Cruzada as atrocidades da guerra aumentaram a desconfiança entre ambos os mundos, Cristão e Muçulmano. Em este último a ocupação dos Cruzados provocou um sentimento de rancor que levou a fechar-se a tudo quanto provinha da Europa.Segundo o escritor Amin Maalouf, de ali provinha a consequência mais desastrosa daqueles conflitos. Assim o fato de se fecharem na defensiva e intolerância com o alheio ao Islã.

 

Os Cristãos ao contrário aprenderam e depois superaram os conhecimentos da medicina, astronomia, química, matemáticas, arquitetura..., assim como técnicas para destilar o álcool e o fabrico do papel.

Em 1291,quando os Muçulmanos tomaram São João de Acre, uma das últimas praças Cristãs na Palestina, o abismo que separava Oriente do Ocidente era já imenso. Ao relatar a vitória o cronista Abul-Fida não pode evitar exclamar “Queira Deus que não voltem a pisar este solo”. A partir de então, o Mundo Islâmico recordará as Cruzadas como o inicio do imperialismo Cristão.

 

 

Durante um período de cerca de 50 anos o mundo árabe não consegue produzir nenhuma resposta à altura das invasões, porém o cenário começa a mudar quando Zanki, um emir turco, é designado pelo califa para liderar o processo de resposta. Ele inicia seu processo tentando unificar o povo árabe das regiões da Mesopotâmia e da Palestina sob seu comando, apesar de vitórias importantes a truculência com que Zanki erigia suas conquistas fizeram com que tivesse pouca popularidade e muitos desconfiavam de suas verdadeiras ambições, isto é, se estava realmente

O sucessor de Zanki foi seu filho Nur ad-Din que desde cedo teve muita preocupação com sua imagem perante a população, segundo autores da época era um homem devotado e respeitador dos preceitos religiosos islâmicos, e logo após assumir o poder começou a realizar projetos que identificavam sua luta contra a presença dos cruzados, e começou assim a criar uma rede de propaganda que incluíam filósofos, intelectuais, poetas entre outros, para difundir entre a população os ideais do Jihad, e é neste momento que as crônicas de ibn al-Qalanisi começam a retratar também a presença dos cruzados em território Palestino como intolerável, a tratar com maior rispidez os invasores.

 É no campo ideológico que Nur ad-Din construiu seu maior triunfo, pois a partir de seu governo qualquer líder muçulmano necessitava combater os cruzados se quisesse manter-se no poder.

 

 E é a partir de seu governo que surge mais claramente o conceito de luta religiosa contra os invasores cruzados e é dentro deste panorama que a análise das crônicas de ibn al-Qalanisi devem ser feitas, tanto como um veículo de propaganda do governo de Nur ad-Din como também um veículo de criação de uma ideologia contra a ocupação.

CONCLUSÃO

Dos fatos até agora analisados pequenas conclusões podem ser extraídas. A importância de Nur ad-Din na elaboração do contra-ataque muçulmano contra os cruzados já foi muito bem comentada, mas sua principal obra não foi a unificação do povo árabe contra os invasores, mas sim a unificação do povo árabe em torno de motivos religiosos e ideológicos contra os invasores e possibilitou a formação de uma base popular para dar apoio ao seu sucessor Saladino e por fim concretizar a expulsão dos invasores ocidentais das terras Palestinas, e a obra de Ibn al-Qalanisi é parte integrante desta formação ideológica.